Escritas 25.02.01 - PESSIMISMO E OTIMISMO
- Lu_rsr
- 12 de fev.
- 3 min de leitura
PESSIMISMO E OTIMISMO
Não sou otimista, nem pessimista. O mais próximo que posso dizer “acreditar” na leitura que nos educamos é na natureza do equilíbrio. Mas eu não “acredito”. Eu sinto. E, da mesma forma que nos vemos em alegria infinita, podemos passar para uma devastação absoluta por conta de uma informação – real ou não. A ponto de matar (estrangular quem estiver bloqueando minha reação) ou morrer (ataque cardíaco, derrame...) nesse exato segundo. Trago essa manifestação porque o equilíbrio é assim. Não importa a ordem de grandeza, nem o tempo, nem o lugar – não há como impedir seu movimento. Que podemos ler como “negativos” para nós e “positivos” para outros e vice-versa.
Temos dificuldade de leitura e interpretação de texto, agora teremos a dificuldade de leitura e interpretação de dados. Porque ignoramos ao contexto e equívocos nos afogarão. Mas, na natureza, não existe bom, nem ruim. Apenas há transformação. E todos fazemos parte do movimento. Podemos estar no ápice da destruição e, no instante seguinte, alcançarmos nossa reintegração. O que as religiões ilustram como “milagres”. Meu ponto é: acreditar e sonhar está nos afastando cada vez mais da ação elementar (o que nos integra, nos constitui nesse universo e ecossistema) – seja de ordem individual, interna; seja de ordem coletiva, externa; seja de ordem ambiental, mundial. Porque continuamos a nos educar que o mundo é Humano (um ser que “destrói”, um ser que “salva”).
Em todas as gerações há quem tenha mentalidade aberta, quem percorra nossa consciência. Da mesma forma, nessa base de dados, há materiais positivos e transformadores. A questão é que continuamos a ignorar nossas dificuldades de leitura, de compreensão de dinâmicas, de interações, de humildade, de cooperatividade. Abordando novos imaginários como “solução”, sejam de impactos positivos ou negativos. O que desencadeiam as novas nomeações de vícios passados. “Problema” e “solução” são invenções da nossa linguagem de marketing. O que nós experienciamos é o desconhecimento ou incompreensão do contexto e, após completo processamento (independente do tempo necessário para tal – onde “processar” é filtrar os dados relevantes sob meu repertório), sua compreensão (o que nos sinaliza como podemos, individualmente, ajudar no desenvolvimento ou redirecionamento desse social, coletivo).
Abstraindo ao que pessoas com estudo e pensamentos críticos vêm compartilhando, o que elas se prontificam a assumir e difundir não difere de outros discursos que ouvi em meu passado ou que meus pais e avós relatam (sob diferentes esferas – família, professores, amigos). O nó da complexidade está com quem tem “as chaves do mundo contemporâneo”: os ricos (que, em outras histórias, foram os reis, os senhores feudais...). Mas nossa civilização chegou aonde chegou não por conta deles, mas de seus “consumidores”, “empregados”, escravos, cervos. O que me traz a pergunta: por que, então, continuamos a construir o mundo que eles demandam e, não, o que nos acolhe? Trazendo outra inquietação: sabemos qual é o mundo que nos acolhe? Ou apenas nos desbravamos por um mundo que promete nos acolher?
Nossa capacidade de projeção do futuro, assim como a interpretação do sentimento de medo são indicadores que deveriam nos alertar para atenção ao Presente, às circunstâncias atuais, à mudança de variáveis do contexto. Nos alertar para revisitar os processamentos de dados, as análises, as abordagens. Mas individualizamos (no sentido egocêntrico e, não no sentido, real – relativizado, subjetivo, sensorial) nossos parâmetros internos de forma a exteriorizá-los numa distorção coletiva. Essa é uma das estruturas que ainda não vi movimento de reintegração. E, assim, as ações, por melhores que sejam suas intensões, continuam deficientes e frágeis ao sistema de sua contemporaneidade. O que, por sua vez, não significa propensa à ruína ou ao insucesso. Apenas frágil e deficiente. Algo que não estamos dispostos a deixar transparecer. E camuflamos quando vitoriosos. Nossa barreira virtual em nossa arrogância espiritual.
A “saúde mental” toca nessa esfera, mas não é capaz de reintegrar suas origens. Porque não somos apenas a mente, a psique, mas o universo. E essa reconstituição está se fragmentando para “entendimento” (e “produção de dados”), ao invés de oportunizar o movimento do transcender pela compreensão do imprevisível. O Sol nos orienta, a Terra nos move, o Universo nos transforma. Eu sou seu imprevisto e você é minha imprevisibilidade. Seja humano, seja outro ser vivo, seja qualquer elemento. Somos um contexto de sinergias.
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Escrito por @lu_rsr
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