Reflexões 24.04.01
- Lu_rsr
- 11 de abr. de 2024
- 2 min de leitura
ROBÔS: QUEM SOMOS?
Mais uma vez o consumismo nos condiciona. Dessa vez, a achar que robôs podem substituir um agir humano. Por qual outra razão compraríamos senão para nos confortar em nossos mundos ideias?
Os robôs são bem-vindos enquanto auxiliares. De armazenamento de informações. De força bruta. De organização de pensamentos. Mas, não, de comportamento humano. Ao invés de nos socializarmos com eles, estamos nos condicionando cada vez mais a esperar suas respostas. Às minhas injustiças, às minhas ansiedades, às minhas dificuldades, às minhas preguiças cognitivas-comportamentais.
Se robôs adentrarem os serviços “inferiorizados”, “precários” ou de “semiescravidão” – que tende a ser sua principal de implementação, visto que os “patrões” não querem mais lidar com a “incompetência” preconceituosamente associada às populações mais vulneráveis, imigrantes e/ou de baixa renda – a pergunta que nasce é: e o que serão dessas pessoas, dessa população que nem mais emprego a sociedade lhe oportunizará? Unidades. Não somos um todo. Eu os aniquilo da minha imagem do hoje. Eles sofrem – eu não. Essa é a forma de valorizarmos e oferecermos melhores condições de vida às pessoas que mais sentem às pressões negativas e diariamente são desafiadas pelo desamor da nossa Espécie?
Não olhamos para a ressignificação do contexto, da humanidade, do movimento cósmico. Olhamos para o ponto isolado. Para o incômodo criado em minha mente. Para o desidealizado por mim. Não vemos, não ouvimos, não sentimos – não vivemos a realidade. Atropelamos o Viver, assim como estamos deixando de acudir aos desvividos.
Se o nosso todo Humano estivesse presente em um restaurante, não veríamos sentido na substituição por robôs. Porque veríamos a todos como Nós. Não teríamos garçons, ainda que tivéssemos quem prezasse pela arte dos alimentos em uma refeição. A combinação das cores, a disposição, a apreciação de um contexto de alimentação. Não teríamos músicos, rádios, playlists, ainda que tivéssemos quem nos apresentassem às melodias da coletividade. Não teríamos clientes, ainda que tivéssemos pessoas reunidas para o saborear da Terra que nos repõe a vida. Não teríamos cozinheiros, ainda que tivéssemos quem nos preparasse a consagração dos seres vivos que ali se transformam em nossa reintegração energética. Não teríamos gerentes, ainda que tivéssemos quem cuidasse da gratificação do contexto presente. Não teríamos donos, ainda que tivéssemos quem cedesse seu espaço para possibilidades de encontro da diversidade. Não teríamos caixas, ainda que tivéssemos quem ressignificasse as faltas e os excessos. Não teríamos faxineiros, ainda que tivéssemos quem retornasse os visitantes aos seus ciclos próprios. Não teríamos mesas, ainda que tivéssemos onde apoiar aquilo que guarda nosso alimento. Não teríamos cadeiras, ainda que tivéssemos onde descansar nossas costas. Não teríamos copos nem talheres, ainda que tivéssemos como conectar o sagrado ao nosso corpo. Não teríamos luxo nem precariedade, ainda que tivéssemos a humildade de nos olharmos como semelhantes.
Se o significado se perde em nossa percepção, em nosso pensamento, em nosso comportamento, assim o fará em nossas conexões, em nossas relações, em nossa Essência Humana. Não somos unidades. Somos um contexto. Não é sobre alimento, mas o alimentar. Não é sobre serviço, mas o servir. Não é sobre sofrimento, mas o sofrer. Não é sobre retribuição, mas o retribuir. Não é sobre gratificação, mas o gratificar.
Nosso encontro não se dará na inovação, na produtividade, na substituição, mas no Ressignificar. Com ou sem robôs.
Escrito por @Lu_rsr
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